O livro que o leitor tem em mãos é resultado de um itinerário íngreme que traz consigo não a iminência de uma tempestade ou a ameaça do escorbuto, mas as incertezas e as dificuldades de uma travessia pelo universo letrado dos séculos XVI-XVIII, do qual...
Sinopse
O livro que o leitor tem em mãos é resultado de um itinerário íngreme que traz consigo não a iminência de uma tempestade ou a ameaça do escorbuto, mas as incertezas e as dificuldades de uma travessia pelo universo letrado dos séculos XVI-XVIII, do qual nos resta ruínas. Epopeias e relatos de naufrágio portugueses buscavam, a época de sua escrita, orientar os leitores ao propor um modelo de súdito capaz de enfrentar e vencer situações adversas, como nas experiências trágico-marítimas, que devem ser compreendidas a partir de uma concepção providencialista da expansão portuguesa. O providencialismo ilumina a experiência “trágica”, não tratando, portanto, o incidente como fim ruinoso e funesto, mas como um acontecimento penoso acompanhado de uma promessa redentora em meio a um mundo de provações e desventuras. As lágrimas, por exemplo, são entendidas sob uma perspectiva católica contrarreformada, não como um reflexo de pessimismo, mas muitas vezes como a própria manifestação da sabedoria do homem prudente e ajuizado, capaz de perceber as misérias do mundo e, concomitantemente, a graça misericordiosa do perdão divino. Logo, o pranto poderia ser apreendido como tópica de purgação, purificação, penitência. O trágico, no caso, poderia ser entendido como uma poética capaz de provocar uma compreensão espiritual da empresa ultramarina portuguesa nos quadros de uma história salvífica, da qual os portugueses seriam coautores.
Número de Páginas
276
Formato
14x21cm
Ano de Publicação
2018
Área
Literatura Internacional